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domingo, 13 de março de 2011

GATO PRETO


Pedro Paulo acorda atrasado para trabalhar. Em décadas essa é a primeira vez que não ouve o despertador tocar. Sonolento e contrariado sente o piso frio sob os pés e involuntariamente vem à sua mente que pisara o chão com o pé esquerdo. Enquanto escova os dentes, ri sozinho da ideia absurda de preocupar-se com isso. Resmunga contrariado: - Estou me deixando influenciar por ideias descabidas. Relembra a discussão com a namorada na noite anterior, ela ficara muito irritada com as criticas que ele fizera em tom de zombaria. Ela falava animadamente sobre sorte e azar, defendia com unhas e dentes a sua crença afirmando categoricamente que o hábito de carregar um galinho de arruda dá muita sorte. Que a minúscula semente de mostarda que traz na carteira não deixa faltar dinheiro. Ele primeiramente ouviu isso com puro ceticismo, mas ela começou a exagerar, disse que passar por cima de tampas de bueiro na rua dá um azar danado, (nessa hora ele teve vontade de rir), mas se conteve, porém quando a moça disse com ar muito sério que alguém passar por debaixo de uma escada o azar é tão grande que a pessoa corre até perigo de morte, ele olhou para a namorada e soltou uma sonora gargalhada. Hoje, Pedro Paulo reconhece que se excedeu, mas ontem não pode refrear- se, de tanto rir chegou a engasgar com o refrigerante que tomava: - Ah Ah! Ah! Jura que você acredita nisso? Pensei que fosse mais racional. Isso é pura superstição! E rindo até não agüentar repetia: - escada, bueiro, você é louca!  A namorada sentiu- se ofendida, pegou a bolsa e ele ouviu a porta da frente bater com força. Correu para alcança- la, mas ela nem olhou para trás, entrou no carro e desapareceu. Ele ligou, mandou mensagens e nada de respostas.  São 9 horas da manhã, o sol escaldante lá fora, dirigindo o carro se apressa para chegar. Pedro Paulo trabalha de despachante e sua mesa está abarrotada de trabalho. Várias vistorias agendadas e ele atrasado. Na sétima esquina freou bruscamente diante de um enorme gato preto que garbosamente atravessa na sua frente. Chegou no escritório e clientes o  aguardam. O dia passou célere, Pedro Paulo se prepara para ir embora, passa das dezoito horas, o sócio e todos os funcionários já foram, quando uma mulher entra pela porta semiaberta. A encara deslumbrado, é realmente uma linda mulher. Solícito pergunta o que ela precisa. – Eu preciso de uma informação para encontrar um advogado. Sorrindo, mostra um pedaço de papel com o nome do causídico. - Não moro aqui e perdi o cartão com endereço. Pedro Paulo diz que não conhece e estranha o fato, pois sabe o nome de todos os advogados da cidade.  A moça bonita insinua que está com fome e indaga se o rapaz conhece algum barzinho. O rapaz cheio de boa intenção, decide acompanhar a mulher que é encantadora e veste um jeans que lhe cai como uma luva. E ele está carente brigou com a namorada e o dia foi estafante, não entregou o serviço para vários clientes, sempre tão eficiente hoje se enrolou. Mas tem certeza que não é por causa do pé esquerdo, nem do gato preto. Pedro Paulo cerra as portas, guarda no bolso a carteira e o celular, pega as chaves do veículo. Resolve conhecer um boteco afastado, ouvira dizer que é um ótimo lugar, com espetos variados. E caso a namorada o perdoe, nesse lugar é improvável que alguém o delate. Assim que chegam pedem um refrigerante. Pedro Paulo sente um puxão brusco no seu braço, é sacudido violentamente e a custo abre os olhos. Assustado ele se depara com três policiais fardados lhe dando uns safanões e mandando que ele se levante. Ele pergunta: - O que está acontecendo? O policial diz para ele que o dono do Boteco precisa fechar e ele está babando em cima da mesa do homem.  O desnorteado rapaz pensa: - Fechar? Que horas são? E olha no relógio, mas está apenas o sinal esbranquiçado no lugar dele. - Cadê meu relógio? Presente caríssimo da minha namorada? Ele se pergunta. Um dos fardados lhe diz: - Ô rapaz, paga o senhor ali e se manda, antes que eu resolva te prender. E pergunta ao comerciante: - Quanto ele lhe deve, senhor? O dono do Boteco responde que ele deve um refrigerante. O policial manda: - Paga ai rapaz! Pedro Paulo põe a mão no bolso, mas cadê a carteira, aliás, cadê o celular além do relógio? Ele fala para os policiais .... 



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                                  E BOA LEITURA!


Nívea  Sabino

quarta-feira, 9 de março de 2011

AMOR DE POETA



Ah, que poeta fracassada eu sou,
Não encontro rimas pra falar do meu amor,
Talvez porque esse amor já me escapou,
Está por ai perdido num último estertor.

Quisera ter a alma livre para amar
Ao meu bel prazer outrem que eu desejasse,
Mas  afoito volta o velho amor a atazanar,
Quis a vida que só ele me inspirasse.


Amor impudente, inquieto e complexo,
Rouba meus sonhos, faz minha desilusão,
Só pra ele são meus beijos, meu amplexo,
Só dele são as rimas do meu coração.



Nivea Sabino

terça-feira, 8 de março de 2011

AMOR AGAPE






Quando vi o jovem decadente se aproximar,
Meu primeiro impulso foi prestar-lhe socorro.
Quais suas necessidades, de onde vem?
Para onde vai?
Andarilho circunspeto, cabisbaixo, infeliz.
Indecidido precisa ir,
Para longe, buscar tratamento,
Verdade ou não, não consigo definir.

Ele não busca conselhos,
Quer expediente para questões não solvidas,
Respaldo que o poder publico não dá.
Que eu codinome pessoa física,
Preciso acudir, resolver, ponderar.
Dei-lhe o vil metal, parca refeição,
Retribui o sorriso e desejei boa sorte.
A despedida não foi um até breve, mas o adeus,
Apertando-lhe a mão.

O jovem peregrino com o passar das horas
De socorrido passa a deslembrado.
Regresso à minha rotina, a me ocupar da minha vida,
Afazeres outros, cuidando da família.
A noite cai densa, quando aparece a policia,
Perguntando por mim.
Alvoroço! O que eu fiz, ou o que não fiz?
O rapaz marginalizado grita meu nome...

Quem?  Então ele volta a minha mente.
No alto da igreja matriz da cidade,
Ele chama por mim...
Embaixo vejo a rua dura de gente.
Espectadora sanguessuga da dor alheia,
Sem compaixão a multidão clama unissonante:
Pula, pula, pula!

Sem conhecer mais ninguém,
Ao ver-se ultrajado, roubado e ferido,
Por bandidos na rodoviária local,
O pobre lembrou-se da complacente mulher,
Eu havia lhe dito meu nome,
E ao indagar onde me encontrar nenhuma resposta
O satisfaz...
Atinou de subir na torre da Matriz e de lá
A cidade toda ouviu o grito do rapaz:
Nívea, Nívea, Nívea!

Foi uma noite cruel, que não quero reviver,
Penso ainda hoje nos milhares de jovens
Carentes, perdidos que ninguém lhes ouve a voz.
Sujos, com fome, precisando de tão pouco,
Mas diante deles, a multidão cruel
Gritando com ferocidade, como gritaram
Diante do Filho de Deus,
Crucifica- O, Crucifica- O, Crucifica-O!


O tempo passa, o progresso avança,
Mas a humanidade ainda caminha mancando
Nas questões fraternais,
Divisão política, intolerância religiosa, racismo,
Ágape, respeito, tolerância, sentimentos banais,
Carnificina de jovens, velhos e crianças,
Eu te amo é aspergido a torto e a direito,
E a desilusão tatua o coração marcando
Da mesma forma o espírito.

Eu que agasalho uma alma poeta,
Sofro com o sofrer alheio,
A luz do dia apazigua minha inquietude,
Mas o breu da noite e a madrugada fria,
Quente ou úmida, minha alma incendeia.
Onde anda o rapaz que naquela noite distante
Quis se lançar por terra para que eu ouvisse o seu clamor?
Onde andam tantos outros que gritam silentes?
E nós onde estamos para lhes mitigar a fome de amor?





 Nivea Sabino

domingo, 6 de março de 2011

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