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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A BUSCA



Cabelos desgrenhados, corpo franzino, a pele clara e enrugada queimada pelo sol do dia e ressecada pelo frio das noites passadas ao relento. Não existe mais beleza no mundo para ela.
Mas nem sempre fora assim, sua infância transcorreu feliz na provinciana cidade do interior mineiro, aproveitou bem a adolescência, na juventude enfrentou a universidade com louvor, foi quando conheceu o amor. Enamorou- se dele e o amor deu frutos, não cem por um, mas de dois em dois, de um em um. Por breves quarenta anos ela seguiu o amor, por muitas estradas, bifurcações, terrenos arenosos e pedregosos, andou por terra, sobre a água, voou no ar, acompanhando – o sequer por caminhos de luz e paz. Foram tempos árduos, mas ao mesmo tempo abundante de felicidade. Construiu com o amor a casa sobre a rocha. Mas uma noite o amor se foi, assim de repente, dormiu tão sereno e partiu tão sorrateiramente. E ela que não aprendeu caminhar sem o amor de tantos anos, sente- se amputada, falta- lhe o pedaço mais precioso, seu coração partiu com o amor.
Mesmo acariciada e amada pelos frutos desse amor e pelos frutos dos frutos, desistiu de viver aquela vida plena que rescendia o cheiro amoroso de mãe e avó.
Surtou, foi viver pelas ruas, sem destino certo, sem parada. Nos seus gestos tresloucados quer apenas expressar sua dor, entre a calma e a pausa do sono, lá no intimo de sua alma, nos sonhos está aquele a quem busca. Nessas breves horas de lucidez ela pede aos Céus que abrevie seus dias, ela tem pressa de Reencontrar o amor de sua juventude e com ele em outra dimensão recuperar a serenidade perdida.

Nívea Sabino

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