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terça-feira, 8 de março de 2011

AMOR AGAPE






Quando vi o jovem decadente se aproximar,
Meu primeiro impulso foi prestar-lhe socorro.
Quais suas necessidades, de onde vem?
Para onde vai?
Andarilho circunspeto, cabisbaixo, infeliz.
Indecidido precisa ir,
Para longe, buscar tratamento,
Verdade ou não, não consigo definir.

Ele não busca conselhos,
Quer expediente para questões não solvidas,
Respaldo que o poder publico não dá.
Que eu codinome pessoa física,
Preciso acudir, resolver, ponderar.
Dei-lhe o vil metal, parca refeição,
Retribui o sorriso e desejei boa sorte.
A despedida não foi um até breve, mas o adeus,
Apertando-lhe a mão.

O jovem peregrino com o passar das horas
De socorrido passa a deslembrado.
Regresso à minha rotina, a me ocupar da minha vida,
Afazeres outros, cuidando da família.
A noite cai densa, quando aparece a policia,
Perguntando por mim.
Alvoroço! O que eu fiz, ou o que não fiz?
O rapaz marginalizado grita meu nome...

Quem?  Então ele volta a minha mente.
No alto da igreja matriz da cidade,
Ele chama por mim...
Embaixo vejo a rua dura de gente.
Espectadora sanguessuga da dor alheia,
Sem compaixão a multidão clama unissonante:
Pula, pula, pula!

Sem conhecer mais ninguém,
Ao ver-se ultrajado, roubado e ferido,
Por bandidos na rodoviária local,
O pobre lembrou-se da complacente mulher,
Eu havia lhe dito meu nome,
E ao indagar onde me encontrar nenhuma resposta
O satisfaz...
Atinou de subir na torre da Matriz e de lá
A cidade toda ouviu o grito do rapaz:
Nívea, Nívea, Nívea!

Foi uma noite cruel, que não quero reviver,
Penso ainda hoje nos milhares de jovens
Carentes, perdidos que ninguém lhes ouve a voz.
Sujos, com fome, precisando de tão pouco,
Mas diante deles, a multidão cruel
Gritando com ferocidade, como gritaram
Diante do Filho de Deus,
Crucifica- O, Crucifica- O, Crucifica-O!


O tempo passa, o progresso avança,
Mas a humanidade ainda caminha mancando
Nas questões fraternais,
Divisão política, intolerância religiosa, racismo,
Ágape, respeito, tolerância, sentimentos banais,
Carnificina de jovens, velhos e crianças,
Eu te amo é aspergido a torto e a direito,
E a desilusão tatua o coração marcando
Da mesma forma o espírito.

Eu que agasalho uma alma poeta,
Sofro com o sofrer alheio,
A luz do dia apazigua minha inquietude,
Mas o breu da noite e a madrugada fria,
Quente ou úmida, minha alma incendeia.
Onde anda o rapaz que naquela noite distante
Quis se lançar por terra para que eu ouvisse o seu clamor?
Onde andam tantos outros que gritam silentes?
E nós onde estamos para lhes mitigar a fome de amor?





 Nivea Sabino

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