Depois que nascem os filhos, quando pequenos a saudade muda de jeito e de cor, vira um desejo louco para chegar do trabalho, e abraçar cada um deles, ou seja, é outra saudade...
Depois que eles crescem, viajam de férias, sentem-se saudades que são acalentadas com telefonemas e beijos fonados, seguidos de um cuide-se embargado, mas que breve se resolvem com apertos e carinhos...
Adolescência evoluindo, os filhos vão estudar fora, outra malvada saudade!
Aguardar os feriados prolongados, as férias para amenizar a falta e a carência.
Ah! Mas essas saudades todas se matam!
A do tempo passado, dos amigos perdidos, da infância dos filhos, das primeiras viagens que fazem sozinhos, das faculdades longe de casa, essa saudadezinha opaca é amenizada com a alegria do tempo presente.
Meu Deus, a saudade dura, aquela que não tem remédio, essa de todos os sentimentos por Vós criados, é a mais triste.
Essa saudade deve ter nascido quando o Filho do Homem deixou Vossa Onipotente Presença para andar pela Terra junto à Vossa criação.
Essa saudade é semelhante a uma fome voraz, que devora por dentro, quem a sente, é o espinho rasgando a carne vilipendiada do coração.
Tem dias que é semelhante a um balão de festa se inflando no peito,
Deus meu, essa saudade que dá vontade de sair correndo gritando pelas ruas, bem alto, até ficar rouca e sem forças.
Essa saudade não tem cura, essa saudade nada no mundo mata.
Nesses momentos sente- se como é distante o céu, como é misterioso, pois está ao alcance das vistas, a alma sente em si a presença do céu, invadindo o corpo o espírito, mas ao olhar com os olhos da saudade lá no horizonte, o CÉU é inatingível.
A única forma encontrada para amenizar essa saudade é nos sonhos...
Mas Deus, e quando o sonho é ruim...?
Quando no sonho o anjo está triste, chorando, faltando pedaços, Oh! Deus a saudade dobra nessa hora, e a inquietação toma conta do ser.
Se ao menos nos sonhos o filho aparecesse sorrindo sempre, distribuindo beijos e abraços... Não! Nem assim existe alívio...
Ainda que haja sonhos e neles encontros abstratos, que existam os álbuns, nada adianta.
Não existe consolo!
Nem as fotos (cada vez mais antigas), que caladas ouvem os desabafos de dor e saudade.
O dia termina o pensamento nele!
O dia começa pensamento nele está.
Que saudade meu Deus, que saudade!
Nivea Sabino
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