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segunda-feira, 12 de julho de 2010

DONA DE CASA RECICLADA




Ela acordara bem cedo, com os pássaros cantando em sua janela, e o sol escondido atrás da veneziana fechada. Que dia da semana é hoje? Bom, era melhor correr. A filha tinha que ir para a faculdade, a outra para o cursinho. Serviu o café da manhã e entre bocejos e sorrisos acompanha as filhas até o carro na garagem, abençoa as meninas e se despede com um beijo.

A mesma frase volta à sua mente: o tempo voa! Era melhor correr!

Advogada de profissão e dona de casa por mero acaso, ela se mudara para o bairro há alguns meses e ainda não se habituara ao ritmo da coleta de lixo, nem se acostumara a ser exclusivamente “do lar”.
Ela sentia- se meio perdida no tempo desde que resolvera se dedicar somente às tarefas da casa, se embananava com os dias da semana e se confundia com os dias do mês no calendário. Mas acreditava que faria progressos e o fato de estar junto das filhas valia qualquer sacrifício. Se bem que enfrentar a correria do fórum, as audiências com desfechos inesperados era bem mais interessante, ainda mais que seu lema sempre fora, MELHOR UM BOM ACORDO QUE UMA BOA DEMANDA.

Ela sai do devaneio e volta para a realidade: O LIXO.

- Meu Deus será que hoje passa lixeiro? Ela acha que não, ou melhor, sabe que o caminhão passa três vezes na semana, só não consegue memorizar os dias. Mais fácil memorizar os prazos processuais.

Corre limpar a casa, organizar a cozinha para o almoço.

-Ai, que barulho é esse? O caminhão coletor de lixo... Corre na rua, grita para o caminhão:
- espere um pouco, por favor!
Volta correndo trazendo os sacos amarrados.
Ela pergunta: - Que dia mesmo vocês passam? O Motorista educadamente pela milésima vez repete os dias que o lixo é recolhido.
Ela agradece e corre de volta para as tarefas.

A semana voa, ela correndo com o serviço. Pela manhã os passarinhos a acordam, ela serve o café, abençoa as filhas, e volta a dúvida cruel, será que o lixeiro passa hoje?

Ela prepara o almoço, quando um barulho ensurdecedor a tira da melancolia da empreitada. Simultaneamente ela ouve o interfone tocando sem cessar e uma buzina de caminhão e gritos de homens na porta da casa. Ela sai em disparada e se depara com o motorista do caminhão do lixo buzinando enquanto os coletores tocavam o interfone e gritavam a plenos pulmões: LIXEIRO, LIXEIRO, LIXEIRO!

Hoje ela acorda com os passarinhos e continua correndo com as tarefas domésticas, mas nunca mais esqueceu o dia que o lixeiro passa.



Nívea Sabino

2 comentários:

  1. Estás a descrever o seu dia a dia,espero que não...mais parabéns linda,achei muito original,você mesma escreveu os textos se foi já podes escrever um livro!kisses.

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  2. Oi Ana Claudia! Que bom que me visitou. Os contos são de minha autoria sim, que bom que gostou.
    Volte sempre!
    Um mondbjusssss

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Boas Vindas! Abreijus Literários

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