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domingo, 12 de dezembro de 2010

ESPINHO NA CARNE





Remexendo o baú de suas lembranças,  Bethina, melancolicamente  recorda- se de certa vez que acordara muito contente, adorava fins de semana, principalmente o sábado. O domingo ela achava um dia triste. Lembra que ao abrir a janela do seu quarto  sentia o cheiro gostoso de flores entrar carinhosamente pelas suas narinas. Estavam no mês de maio do ano de 1977, dia 14, seu aniversário de 16 anos. Seus pais são de família abastada de rica região de Minas Gerais, sua mãe chama-se Antonia, e seu pai Leopoldo, casaram- se no ano de 1959, no mesmo mês  que a filha nasceu dois anos depois. Filha única,sua mãe sofreu um grave problema durante o seu parto e foi obrigada a ser histerectomizada. Mulher delicada estudou em colégio interno, cuida com desvelo da  casa e tem um amor desmedido por Bethina e pelo marido. Ela gosta muito de ler e  passou esse costume  para a filha e acabou virando mania. Leopoldo é produtor rural, passa a maior parte do tempo cuidando de plantações e animais, administra sozinho todas as propriedades rurais que são herança de família. Ele compra e vende gado, planta café, e é muito feliz no que faz. São uma família pequena, mas feliz. Ás vezes Bethina desejava ter outros irmãos, e sentia que seu pai compartilhava desse desejo, em várias ocasiões o ouviu dizer para sua mãe que seria ótimo ter outro homem na família para ajuda- lo na administração. 
Sábado é sinônimo de festas, pelo menos na cidade onde moram, o Clube mais movimentado do lugar fica lotado nesse dia.
Foi lá que a linda jovem começou namorar Otávio, numa noite de luar com direito a estrela cadente. 
Ficaram noivos e casaram- se em 1979, na Igreja linda e tradicional, uma cerimônia muito comentada.
Otávio passara no concurso do banco e posteriormente moraram em algumas cidades porque ele passou a exercer o cargo de gerente e precisava ser transferido.
Numa noite fria de junho  de 1981 nasceu seu filho, seu amor, sua vida, Pedro, o bebê mais lindo que ela jamais vira igual, e também a criança mais solitária que conhecera. Muito inteligente e obediente, e também muito amoroso. Cresceu assim: falando pouco, estudando muito, sem dar qualquer preocupação aos pais. Otavio o amava e fazia tudo para que o acompanhasse por onde fosse, mas o que Pedro gostava era de ficar só, escrevendo, lendo ou desenhando. O avô nutria por ele verdadeira adoração e sofria quando partiam na época das férias.  No mês de dezembro de 1984, perto do natal Bethina ganha um belo presente sua filha Mariana, o oposto de Pedro. Alegre, barulhenta, extrovertida. Estava sempre alegrando a todos em casa. A avó a cobria de mimos, existia mais intimidade entre as duas, do que entre Bethina e  elas. Seus filhos cresceram, seu marido conseguiu uma promoção e voltou a gerenciar o banco em sua cidade natal. Pedro faz faculdade de Direito e estágio na promotoria, raramente se entretem com algum colega e não tem amigos, se tornara bastante depressivo, faziam tudo para agrada- lo. Completara 23 anos de idade e  não namorava, não tinha vontade de sair para se divertir, estava sempre em casa estudando ou ouvindo músicas de rock. Leopoldo estava idoso e depositava toda a sua esperança naquele neto. Mariana tem um jeito de menina, nem parece que está com 20 anos, há nela um quê de rebeldia, ciumenta do irmão, porque pensa que as atenções são  todas voltadas para ele, passara no vestibular para agronomia, faz tudo para agradar os avós maternos. Em 2004 compraram uma linda casa no condomínio de luxo dos seus sonhos, lugar tranqüilo e seguro, rodeados de pessoas amigas, não poderia existir ambiente melhor para se viver. Os quartos ficavam no andar superior, e inevitavelmente Bethina passava pelas suítes dos seus filhos para chegar até a escada que dava acesso para as salas e a cozinha. Era muito gostoso sentir a presença deles todos os dias, ela não se imaginava sem eles, evitava até mesmo os pensamentos de que um dia eles morariam em outra cidade ou estado ou país. Mariana frequentava uma universidade em outro município mais vai e volta todos os dias e Pedro estava sempre em casa. Seu filho estava se arrumando para sair, teria uma audiência pela manhã, ela parou no quarto dele, deu um beijo e um abraço e falou: 
- Meu filho, eu te amo tanto que chega doer. Suspirou e esperou uma resposta que não veio.
Então disse a ele que traria um copo de suco, pois ele mal tomara café da manhã. Ele lhe agradeceu ela então desceu para buscar  na cozinha. 
Quando retornava,  pisando o primeiro degrau da escada com o copo na mão, ouviu um barulho e na hora não definiu que tipo de som  era aquele. Ela continuou subindo as escadas e comentou:
-Filho, você ouviu o barulho? O que será que pode ser? Pedro?
Quando adentrou no quarto, ela soltou o copo que se espatifou no chão. Seu filho estava caído na cama, inerte. Ela vê  o sangue no lençol, e do lado de Pedro o revolver que parecia ser da coleção de Otávio...



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                                  E BOA LEITURA!

Nívea Sabino

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